segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Avanços em Bonn, mas não o suficiente

Enquanto o aquecimento global vai literalmente queimando florestas da Europa, como mostra novo estudo do Greenpeace, líderes mundiais tentam estabelecer as bases de um possível acordo climático, a ser assinado em dezembro, em Copenhague. Durante esta semana, houve mais uma rodada de discussões em Bonn, na Alemanha. Foi a terceira do ano, que ainda tem mais duas programadas: entre os dias 28/9 e 9/10, em Bangkok, na Tailândia; e entre 2 e 6/11, em Barcelona, na Espanha.

De acordo com o Earth Negotiations Bulletin, uma publicação independente que divulga informações diárias sobre negociações multilaterais de meio ambiente e desenvolvimento sustentável, a UE (União Européia) disse que as nações desenvolvidas e em desenvolvimento fizeram progresso no que diz respeito à limitação das ameaças do aquecimento global e a uma economia de baixo carbono.

O chefe da Convenção da ONU sobre Mudança Climática, Yvo de Boer, mostrou alguma satisfação e afirmou que há avanços também no que diz respeito ao acesso tecnológico e auxílio financeiro aos países em desenvolvimento. Mas ele espera que as negociações se acelerem. “Se continuarmos nesse ritmo, não vamos conseguir”, alerta ele.

Já China e Índia saíram insatisfeitas de Bonn. O embaixador chinês para o clima, Yu Qingtasi, declarou à agência de notícias Reuters, que existe um sentimento geral de insatisfação quanto aos esforços das nações desenvolvidas. “O mais preocupante é a continuação e, até mesmo, o alinhamento da tendência de tentar jogar as responsabilidades nos países em desenvolvimento”, reclama ele. Qingtasi afirma que a China se esforça para atingir o pico de suas emissões, mas que a prioridade de seu país e lutar contra a pobreza.

Para a Índia, os países ricos estão esperando muito dos pobres e falham em estabelecer maiores cortes de suas próprias emissões. “Existem países em desenvolvimento que, talvez, estejam fazendo mais do que as nações desenvolvidas”, atacou Shyam Saran, enviado especial da Índia para mudança climática. Além disso, ele argumenta que os países em desenvolvimento não podem aceitar um corte de emissões mandatório. Isso, diz o enviado, prejudicaria o desenvolvimento e o crescimento econômico desses países.

As nações em desenvolvimento querem que, até 2020, os países ricos cortem suas emissões de gases de efeito estufa em pelo menos 40% abaixo dos níveis registrados em 1990. Além disso, pedem ajuda tecnológica para ajudar os pobres a controlar suas próprias emissões.

Para pequenas ilhas-estado, os cortes devem ser maiores: de pelo menos 45% para manter o aquecimento global em 1,5°C. “Os cortes prometidos até agora ficam apenas entre 10% e 16% abaixo dos níveis registrados em 1990, o que significa um aumento de 3°C na temperatura do planeta. Esse caminho será catastrófico para todos os países”, afirma Dessima Williams, de Granada, que representa o grupo de ilhas-nações.

A própria UE criticou a média de cortes de emissões oferecidos pelos países desenvolvidos.

Para muitos dos delegados presentes em Bonn, o próximo encontro de líderes, em Nova York, e do G20, em Pittsburgh, ambos em setembro, devem avançar as negociações e ajudar a quebrar os impasses.

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