sexta-feira, 21 de agosto de 2009

China pode ser maior produtor de energia limpa

A última rodada de discussões em Bonn, na Alemanha, encontro entre representantes de nações para discutir os rumos de um acordo climático global, não foram muito animadoras. O embaixador chinês para o clima, Yu Qingtasi, chegou a declarar que está preocupado com a tendência dos países ricos de jogar as responsabilidades de corte de emissões nos emergentes. Do outro lado, os países desenvolvidos demonstram que realmente querem mais comprometimentos desse grupo.

É verdade que a China tornou-se o maior emissor mundial de gases causadores do efeito estufa. Críticos demonizam o país e condenam a construção de duas novas termelétricas a carvão por semana.

Mas também é verdade que as emissões per capita do país equivalem a apenas um quinto do resultado dos EUA. Se for levada em conta a responsabilidade histórica, essa proporção cai para um décimo. Mesmo assim, é certo que toda aquela fumaça vai parar na atmosfera. Não importaria muito se a Terra fosse habitada apenas por Adão e Eva ou por 10 bilhões de pessoas. Os efeitos climáticos causados pelo acúmulo de CO2 e outros gases de efeito estufa na atmosfera seriam igualmente catastróficos - a única diferença é que, com mais gente, há mais sofrimento.

Mesmo assim chega a ser injusto acusar a China de cruzar os braços diante das mudanças climáticas. Como mostra uma reportagem da Reuters, o país está entre os que têm os melhores planos de cortes de emissões. A ONG WWF também confirma isso e, de acordo com um estudo da organização, a China tem metas ambiciosas para energia renovável e eficiência energética. O próprio governo chinês declarou que incluirá o controle de emissão de gases do efeito estufa no plano de desenvolvimento do país.

Parece que os chineses perceberam que não é uma má legislação climática que pode prejudicar sua economia, mas, sim, não tomar nenhuma atitude diante desse cenário.

Na vice-liderança

Os investimentos em energia limpa comprovam a pró-atividade da China nesse campo. O país está em segundo lugar nesse ranking. Até 2007, gastou 12 bilhões de dólares, ficando atrás somente da Alemanha, que havia investido 14 bilhões até então. Todo esse dinheiro colocou o país entre os líderes mundiais em energia solar, eólica, veículos elétricos, transporte ferroviário e tecnologias de ponta.

Mas os investimentos não param por aí. Cerca de 9% do pacote de estímulo econômico chinês, que soma 586 bilhões de dólares, serão destinados a projetos de desenvolvimento sustentável. Também se espera que o país crie um novo pacote de incentivos, que pode ficar entre 440 bilhões e 660 bilhões de dólares, apenas para o desenvolvimento de novas energias durante a próxima década.

Segundo reportagem da Bloomberg, se isso realmente acontecer, a China será indiscutivelmente o líder mundial em produção de energia limpa.

Enquanto não chega lá, o país prioriza a eficiência energética. Um dos objetivos é reduzir em 20%, em comparação aos níveis de 2005, a quantidade de energia necessária para produzir riqueza. Isso, se alcançado, representará um corte de 1 bilhão de toneladas de CO2 por ano a partir de 2010. Para se ter uma idéia, os cortes de emissão para a União Européia estipulados no Protocolo de Kyoto são de 300 milhões de toneladas anuais até 2012.

Pequenas estações elétricas estão sendo fechadas na medida em que plantas mais eficientes são construídas. A China já fechou cerca de 34GW de potência entre 2006 e 2008 e planeja fechar mais 31GW nos próximos três anos.

Medidas como essa aumentam a eficiência energética do país. Em 2005, para gerar 1 KW de eletricidade era preciso queimar 370 gramas de carvão. Com o fechamento das pequenas termelétricas e a construção de usinas maiores e mais eficientes, passou-se a usar 349 gramas para produzir a mesma quantidade de energia. Usinas ainda mais eficientes vão produzir 1GW com apenas 283 gramas de carvão.

Com relação aos transportes, apesar do crescente mercado automobilístico, a China planeja investir mais de 1 trilhão de dólares na expansão de sua malha ferroviária. Assim, a rede passará dos atuais 70 mil quilômetros para 120 mil quilômetros de extensão em 2020.

Com tudo isso, fica claro que, se a China não está fazendo tudo o que pode para diminuir suas emissões, está, pelo menos, fazendo muito mais do que a maioria dos países desenvolvidos.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Avanços em Bonn, mas não o suficiente

Enquanto o aquecimento global vai literalmente queimando florestas da Europa, como mostra novo estudo do Greenpeace, líderes mundiais tentam estabelecer as bases de um possível acordo climático, a ser assinado em dezembro, em Copenhague. Durante esta semana, houve mais uma rodada de discussões em Bonn, na Alemanha. Foi a terceira do ano, que ainda tem mais duas programadas: entre os dias 28/9 e 9/10, em Bangkok, na Tailândia; e entre 2 e 6/11, em Barcelona, na Espanha.

De acordo com o Earth Negotiations Bulletin, uma publicação independente que divulga informações diárias sobre negociações multilaterais de meio ambiente e desenvolvimento sustentável, a UE (União Européia) disse que as nações desenvolvidas e em desenvolvimento fizeram progresso no que diz respeito à limitação das ameaças do aquecimento global e a uma economia de baixo carbono.

O chefe da Convenção da ONU sobre Mudança Climática, Yvo de Boer, mostrou alguma satisfação e afirmou que há avanços também no que diz respeito ao acesso tecnológico e auxílio financeiro aos países em desenvolvimento. Mas ele espera que as negociações se acelerem. “Se continuarmos nesse ritmo, não vamos conseguir”, alerta ele.

Já China e Índia saíram insatisfeitas de Bonn. O embaixador chinês para o clima, Yu Qingtasi, declarou à agência de notícias Reuters, que existe um sentimento geral de insatisfação quanto aos esforços das nações desenvolvidas. “O mais preocupante é a continuação e, até mesmo, o alinhamento da tendência de tentar jogar as responsabilidades nos países em desenvolvimento”, reclama ele. Qingtasi afirma que a China se esforça para atingir o pico de suas emissões, mas que a prioridade de seu país e lutar contra a pobreza.

Para a Índia, os países ricos estão esperando muito dos pobres e falham em estabelecer maiores cortes de suas próprias emissões. “Existem países em desenvolvimento que, talvez, estejam fazendo mais do que as nações desenvolvidas”, atacou Shyam Saran, enviado especial da Índia para mudança climática. Além disso, ele argumenta que os países em desenvolvimento não podem aceitar um corte de emissões mandatório. Isso, diz o enviado, prejudicaria o desenvolvimento e o crescimento econômico desses países.

As nações em desenvolvimento querem que, até 2020, os países ricos cortem suas emissões de gases de efeito estufa em pelo menos 40% abaixo dos níveis registrados em 1990. Além disso, pedem ajuda tecnológica para ajudar os pobres a controlar suas próprias emissões.

Para pequenas ilhas-estado, os cortes devem ser maiores: de pelo menos 45% para manter o aquecimento global em 1,5°C. “Os cortes prometidos até agora ficam apenas entre 10% e 16% abaixo dos níveis registrados em 1990, o que significa um aumento de 3°C na temperatura do planeta. Esse caminho será catastrófico para todos os países”, afirma Dessima Williams, de Granada, que representa o grupo de ilhas-nações.

A própria UE criticou a média de cortes de emissões oferecidos pelos países desenvolvidos.

Para muitos dos delegados presentes em Bonn, o próximo encontro de líderes, em Nova York, e do G20, em Pittsburgh, ambos em setembro, devem avançar as negociações e ajudar a quebrar os impasses.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Você acha que tudo bem comer carne e usar roupas de couro?

Sem querer ser chato, até porque não sou eu o "tão cruel assim" dessa história. Mas vamos lá...

Você acha que tudo bem comer carne e usar roupas de couro? Talvez porque não seja o SEU couro, não é mesmo? Dá uma olhada nos videos da PETA e depois tenha a paz de espírito para continuar fazendo isso.


Learn more at PETA.org.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Homem também corre risco de extinção

Ainda não encontrei a espécie humana em nenhuma lista de animais ameaçados de extinção. Já pensou? Que maravilha seria a Terra sem os homens! A vida seguiria seu rumo e somente a casualidade dos desastres naturais é que poderia destruir uma coisinha aqui e outra ali.

É justamente esse exercício de imaginação, do mundo livre dos seres humanos e do seu rastro de sujeira, que propõe o documentário Life after people (Vida depois dos homens), produzido pelo The History Channel. Não surpreendentemente, o equilíbrio da vida voltaria ao normal tão logo a população humana desaparecesse da face da Terra.

O verde e a vida selvagem tomariam conta das cidades em apenas algumas décadas. Nem mesmo imponentes selvas de concreto resistiriam às reações químicas naturais e sucumbiriam diante da falta de manutenção.

Em 10 mil anos, poucos traços da presença humana restariam no planeta. Do pó ao pó!

Esse cenário parece bem improvável. Afinal, somos 6,5 bilhões de humanos. Até 2050, a Organização das Nações Unidas (ONU) acredita que seremos 9 bilhões. E pensar que em 1950, éramos por volta de 2,5 bilhões.

Se de um lado a população humana está crescendo desenfreadamente, do outro, espécies estão simplesmente sumindo. Segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), entidade que busca soluções para o crescimento sustentável, 15.589 espécies correm risco de extinção. Isso significa que um em cada quatro mamíferos, um em cada oito pássaros e um em cada três anfíbios deixarão de existir para sempre em um futuro próximo.

Obviamente, essa lista é mais uma que não inclui o homem. Mas, como explica o pessoal da Species Alliance, organização com o objetivo de divulgar agressões ao ambiente e suas consequências, a sobrevivência dos humanos depende direta e indiretamente de toda a biodiversidade. Sem o equilíbrio desse ecossistema, haverá uma extinção em massa. E o animal humano também estará ameaçado.

A boa notícia é que esse quadro vai mudar. Mesmo que o homem desapareça, a vida continua.

Um exemplo dessa força de recuperação é Chernobyl, aquela cidade ucraniana que foi destruída por um acidente nuclear em 1986 (na época, Chernobyl fazia parte da então União Soviética). Aos poucos, a vida ali volta a florescer. Já não cabe mais chamá-la de cidade-fantasma. Até mesmo algumas pessoas voltaram a morar por lá (ainda não se sabe ao certo quão seguro é pisar por aquelas terras).

Agora é hora de mudarmos nossos valores e criarmos novos padrões para o que chamamos de qualidade de vida. Contemplar e preservar as belezas naturais deveria estar no topo das prioridades de todo o mundo. Continuar destruindo tudo é destruir toda a vida no planeta, inclusive a nossa.

É fundamental termos a consciência de que são os homens os maiores ameaçados de extinção. Como vimos, o planeta se recuperaria (e vai se recuperar) completamente em alguns milênios. Pode parecer muito, mas o que é o tempo para quem não tem relógio?

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Sim, eu quero acreditar!

O slogan mais marcante dos últimos tempos foi o “Yes, we can!” (Sim, nós podemos!, em tradução livre) incessantemente repetido por Barack Hussein Obama em sua campanha vitoriosa para se tornar o primeiro presidente negro dos Estados Unidos. Mas será que ele pode mesmo? Já imagino o Obama apontanto o seu indicador no meu nariz desconfiado e gritando: “Yes, we can!” E eu responderia: “Sim, eu quero acreditar!”

Semanas atrás, o G20, grupo dos países mais ricos e dos principais emergentes, reuniu-se em Londres. O objetivo era definir uma estratégia para combater a crise financeira global. Ao fim do encontro, o anfitrião Gordon Brown, primeiro-ministro do Reino Unido, fez um anúncio em nome de todos os líderes participantes da reunião.

“Hoje é o dia em que o mundo se juntou para lutar contra a recessão global. Não com palavras, mas com um plano de recuperação e reforma que conta com um esquema claro de trabalho”, disse ele citando vagamente algo sobre a economia verde. Obama, o carismático (não o bárbaro que estão pintando nos quadrinhos), também falou bonito. “Hoje, os líderes responderam com esforço sem precedente”, declarou. Lula, chamado pelo norte-americano de “o líder mais popular da Terra” - o que até faz algum sentido se, primeiramente, descartarmos o mais popular, que é o próprio Obama - também deu sua opinião: “Foi bom não só para o Brasil, mas para a esperança e o futuro da humanidade”. Será?

Eu quero acreditar! Quero ter fé de que aquele tenha sido mesmo o ponto de virada. Mas será que foi mesmo?

Para ambientalistas do mundo todo, não foi não. Eles estavam desapontados com a falta de comprometimentos mais claros com o ambiente e os empregos verdes. É difícil dar crédito aos políticos. Primeiramente, porque já estamos calejados de ouvir discursos bonitos que não se tornam ações concretas. São as retóricas vazias, de que tanto os ambientalistas reclamam. E parece que eles têm razão. Uma indicação disso foi o fiasco do econtro das Nações Unidas em Bonn, na Alemanha, realizado na semana passada.

Mais abrangente do que o G20 de Londres, Bonn recebeu 2.500 representantes de 175 países. Em pauta, estava a criação dos termos de um acordo climático a ser assinado em Copenhagen, na Dinamarca, em dezembro. O documento, se houver algum, deve substituir o Protocolo de Kyoto. Foi então que o mundo ouviu o primeiro “Não, nós não podemos” (não exatamente com essas palavras) do Obama. Justiça seja feita, é louvável a disposição dos Estados Unidos em participar das discussões sobre o aquecimento global, o que não ocorreu em momento nenhum durante o governo de Bush.

Mas Jonathan Pershing, o representante Americano nas discussões em Bonn, disse que os EUA só tomariam as medidas que fossem possíveis do ponto-de-vista político, econômico e tecnológico. Isso, de acordo com as propostas apresentadas, significa que os americanos querem baixar suas emissões para os níveis registrados em 1990 em um prazo que se estende até 2020.

Países como as Filipinas disseram que os ricos deveriam cortar mais: algo em torno dos 40% entre 2013 e 2017, e mais de 50% entre 2018 e 2022 dos níveis registrados em 1990. Isso é mais ou menos o que o Greenpeace defende. Quero ver até onde o presidente Obama está disposto a ir nessa questão. Se for para fazer, que faça direito. Enquanto isso, o Brasil, herói até então desconhecido na área de energia limpa, quer investir mais em termoelétricas. Isso significa maior dependência dos combustíveis fósseis e, consequentemente, mais carbono na atmosfera brasileira. De acordo com o Plano decenal de Energia 2008/2017, o país vai aumentar para 5,7% a geração de energia proveniente dessas fontes sujas. Isso não é bom exemplo de um herói.

Pois é. Eu quero acreditar! Mas está difícil.